O que é a celebração/festa:
“A banana não é só alimento ou medicina. A Festa da Banana é cultural” (LF). A Festa da Banana é realizada anualmente na comunidade de Mutuca, uma das comunidades pertencentes ao Complexo de Mata Cavalo, localizado no município de N. Senhora do Livramento, MT. Consiste em um evento cultural que congrega a cultura, a tradição e comércio dos produtos derivados da banana e/ou outros da matriz afro, com o objetivo de valorizar e fortalecer a cultura afrodescendente, mantendo a identidade do povo quilombola.
Significados e funções que as celebrações têm para a comunidade:
Segundo Laura Ferreira: “A comunidade pertence ao município de Nossa Senhora do Livramento, onde os moradores são conhecidos como os ‘papas bananas’ e essa cultura está se perdendo. Assim, esta foi uma forma dos moradores do quilombo poderem conscientizar as pessoas a continuar cultivando as bananas, visto que podem fazer diversos pratos com ela.”
Além de manter a identidade do povo quilombola , o evento constitui uma oportunidade para expor o produto produzido na comunidade como, produtos manufaturados da banana, como doces diversos, geleias, balas, tira gosto (banana cortada em rodelas e fritas no óleo de soja), farinha de banana, licores, garrafadas e ervas medicinais. Outras mercadorias também são oferecidas ao público na feira, tais como: licores de pequi, capim-cidreira, quiabo de Angola jatobá, jabuticaba, abacaxi e figo, derivados do pequi: farinha, bala, licor; bonecas feitas com cabaças, artesanatos e bijuterias confeccionadas com folhas de bananeira, entre outros.
História sobre a origem e transformações da celebração ao longo do tempo:
A festa foi criada em 2008 pela da Associação da Comunidade Negra Rural do Quilombo Ribeirão da Mutuca — Acorquirim, com o intuito de valorizar a produção e a cultura afro-brasileira que sustenta as cerca de 120 famílias da comunidade. O cultivo da banana e de muitos outros alimentos são feitos de forma tradicional e livres de agrotóxicos, seguindo os princípios da agroecologia. Esse saber/ fazer (re)produzido de geração para geração pelas comunidades afrodescendente e difundido no evento, está colocando em cena a comunidade como referência estadual de prática agroecológica e tradição quilombola. “Sempre lutamos e lutaremos por defender nossa cultura, nossas tradições e esta terra, onde nossos ancestrais foram enterrados há mais de duzentos anos. Foi assim que, na época do garimpo, procuramos os direitos humanos e acabamos conhecendo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que nos convidou, através de eventos e feiras, a fazer parte do Grupo de Intercâmbio em Agroecologia (Gias)”, revelou Laura Ferreira, liderança local e idealizadora do projeto.
Com o aumento da visibilidade e do número de participantes a cada ano, a Festa adquire importância na movimentação de renda da comunidade, tendo em vista a comercialização de produtos artesanais, como camisetas personalizadas da festa, bonecas de pano, bolsas, toalhas bordadas, alimentos como a própria banana, farinha, doces de diferentes sabores, mel, bebidas caseiras, dentre outros, todos manufaturados com muito cuidado, atenção e carinho pelos moradores do quilombo de Mata Cavalo.
Com o passar dos anos, a festa passou por transformações significativas, desde o caráter de festa local circunscrita a um pequeno grupo de participantes, à visibilidade midiática e incorporação de patrocinadores, apoio técnico, venda de bebidas alcoólicas, aumento no número de apresentações artísticas, som eletrônico, dentre outras mudanças.
Vai ter alimentos especiais na celebração?
Com certeza!!! Quem desejar deliciar dos sabores oriundos da cozinha afro, esta é a oportunidade! O almoço, gratuito e leva a banana como ingrediente principal: carne seca com banana verde, farofa de banana, paçoca, arroz branco, dentre outras iguarias.
Quais estruturas e recursos são necessários para a celebração?
A organização do evento é realizada pelos membros da Associação de moradores com recursos próprios e/ou patrocínios através do processo de organização denominados de muxirum((um trabalho coletivo que a comunidade organiza para plantar a banana e carpir o roçado), no baração da Associação ou tentas realizadas com palha e/ou extirpe da folha do babaçu seguindo a lógica de sustentabilidade ambiental da comunidade.
Programação:
A programação incluiu apresentações culturais de cururu, siriri, dança afro, feira quilombola com exposição de artesanato regional e subprodutos da banana como a farinha de banana verde, licor, bala, doce e rapadura de banana.
