Babaçu ou Aguaçu

Baú dos sabores categorias:
Área geográfica onde é produzido: Palmeira de origem brasileira e pode ser encontrada nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso
Nome da comunidade que produz: Comunidades quilombolas e agroextrativista
Palmácea robusta, imponente, de estipe solitário, de 10-30 metros de subsistência e altura e 30-60 centímetros de diâmetro, com 7 a 22 folhas pinadas de 4 a 8 metros de comprimento. Esta palmeira pode apresentar até 06 cachos ou mais por planta, apresentado 300 a 500 frutos e sustentados por um pêndulo de 70 a 90 centímetros. Em Mato Grosso os frutos amadurecem entre os meses de agosto a dezembro
O Babaçu (Attalea speciosa – Mart. ex Spreng) ou como os indígenas chamam: aguaçu, uauçu, coco-de-macaco e coco-pindoba. Segundo Câmara Cascudo(1954), o frei capuchinho francês Claude D’Abbeville, no início do século XVII, já ressaltava a importância dos frutos daquela palmeira na alimentação dos índios nordestinos, que os chamavam uauaçu (em língua tupi). Trata-se de uma das espécies vegetais de grande relevância na subsistência de muitas comunidades tradicionais, já que fornece cerca de setenta subprodutos e, dele tudo se aproveita: as folhas na cobertura de casas, o estipe na estrutura e parede das moradias, no artesanato, fruto como fonte de energia, as amêndoas como fonte alimentícia (doces, farinhas, óleos,) e fabrico de cosmético. O mesocarpo da palmeira é usado em mingaus de crianças, e o caule, aproveitado na estrutura de construções e marcenaria rústica. A casca da amêndoa pode se transformar em um eficiente carvão para uso doméstico e, quando é queimada, produz uma fumaça que atua como um eficaz repelente de insetos. Ainda da casca outros produtos são gerados para aplicação industrial, tais como metanol, coque, carvão reativado, gases combustíveis e alcatrão. Durante os longos períodos de seca, na ausência de outra fonte de alimentação, os animais comem as cascas das amêndoas. O uso dessa palmeira representa um símbolo da luta pela sobrevivência e resistência de grupos de” negros foragidos” em seu processo de (re)territorialização e constituição do que fora denominado quilombos. Esses enclaves comunitários, formados distantes das áreas produtoras convencionais e de grande valor econômico, produziram a sua própria maneira de sobreviver ancorada na agricultura de subsistência e no extrativismo vegetal. A abundância da palmeira babaçu foi incorporada ao ‘‘modus’ vivendis desse grupo para a construção de moradias, uma prática ainda existente nas comunidades remanescentes quilombolas e outros utensílios domésticos como cestarias, baquité, sucuri, esteiras, etc. A coleta do coco conta, às vezes com a participação do trabalhador masculino, mas nos demais processos a atividade é predominantemente feminina no processo de quebra da castanha e do fabrico do óleo. O extrativismo do Babaçu ainda é realizado em sua maior parte na forma de extrativismo primário, o que caracteriza os derivados do Babaçu ainda como produto da agricultura familiar, pois ele é fonte de renda para comunidades e associações extrativistas que visam a elaboração de óleos, farinhas e carvão para comercialização local.
Dos sabores oriundos da Arecaceae (Babaçu) o destaque provém do fruto e palmito na alimentação in natura ou processados como doces, bebidas, óleos. Do mesocarpo do fruto é feita uma farinha, usada pelos quilombolas para fazer um mingau que recebe o nome de colha. A farinha é usada também na mistura de bolos; as amêndoas são trituradas para o fabrico do doce “cocada” e leite de coco, outrora usado na culinária local em pratos como peixe e bolo de arroz; enquanto o óleo era empregado na alimentação e no fabrico de sabão. Atualmente, o óleo é empregado no tempero de salada ou consumido como medicinal. A fabricação do óleo é uma atividade predominantemente feminina, exceto nas coletas dos cocos que contam, às vezes, com o auxílio dos homens. Essa atividade mantém a tradição do fabrico do óleo e ainda contribui com a renda familiar. O conhecimento para o fabrico de óleo de Babaçu é transmitido oralmente de geração para geração pelas mulheres que participam de todo o processo produtivo desde a coleta, quebra, seleção das amêndoas, trituramento e cozimento para liberação do óleo. Todo o preparo do óleo envolve saberes que abrange desde o tamanho, a saber quando a castanha é pequena (miúda) ou podre o óleo (rançoso (ardido). As castanhas quebradas e cocos estragados são usados como combustível substituindo a lenha no processo de cozimento das amêndoas trituradas para a extração do óleo. É usado também no fogão à lenha no preparo de alimento ou para assar carne substituindo o carvão, fechando o ciclo de produção, contribuindo com a proteção das florestas da coleta excessiva de madeira para fins energéticos. (ARRUDA, et al., 2014)
ARRUDA, Silva J, C; Sander N. RAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 24, n. 2, p. 239-252, abr./jun. 2014. A CADEIA produtiva do babaçu. Disponível em: . Acesso em: 1º set. 2021

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