A comunidade Ribeirão Itambé e seus participantes unem esforços profissionais e coletivos para superar desafios e promover saberes e sabores quilombolas com produtos tradicionais da região para todo o Brasil.
A comunidade de Ribeirão do Itambé está situada a 45 km da sede municipal de Chapada dos Guimarães com acesso por estrada vicinal carroçável e a 90 km da cidade de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, via Rodovia Emanuel Pinheiro (MT-251).
Localizada às margens do Rio Quilombo, na região de Cachoeira Rica, popularmente conhecida como Vila do Peba a comunidade remanescente de quilombo estabeleceu-se com uma forma de sociabilidade ancorada nos laços de parentesco e organização econômica autônoma. Este quilombo também é conhecido como comunidade Cachoeira Rica, nome do rio que atravessa a localidade.
A comunidade de Ribeirão de Itambé se auto identifica como “comunidade remanescente de quilombos”, categoria jurídica e política que vem sendo ressemantizada por eles durante o processo de identificação e delimitação para a regularização e titulação de seus territórios.
De acordo com o Laudo parcial da CRQ, Ribeirão de Itambé que no espaço territorial correspondente às terras de Itambé e seu entorno, os escravos e seus descendentes desenvolveram uma forma de organização social própria, com relativa autonomia econômica que lhes permitia comercializar toucinho, farinha, arroz, milho e feijão em Serra Abaixo (Cuiabá) e abastecer as relações de troca com outras comunidades negras rurais como Cachoeira Bom Jardim, Morro do Cambambi, Lagoinha de Baixo, Lagoinha de Cima, Biquinha.
Segundo Fulano (ano) a história do quilombo Itambé remonta ao século XIX e está relacionada ao antigo engenho situado na área, denominado “Engenho Itambé”. O passado da escravidão está presente nas narrativas dos moradores, na cultura imaterial e nos vestígios arqueológicos revelam que os escravizados africanos mantinham as diferenças étnicas de sua terra natal e apropriavam-se do espaço colonial, fundamentando a ideia de “expressões de identidades diversificadas” da África e a reprodução de suas religiosidades e cosmologias no espaço das fazendas.
Os atuais descendentes reconhecem-se enquanto remanescentes de quilombo, apresentam sua certidão de autorreconhecimento e pleiteiam a titulação das terras nos termos do Artigo 68 do ADCT, visto que reconhecem vínculo existente com o passado escravo, legitimado pela condição de exclusão de suas terras. A população soma cerca de 320 pessoas cuja fonte de sobrevivência está ancorada na piscicultura, criação de pequenos animais, agricultura de subsistência e artesanato. A Associação Remanescente de
Quilombo Ribeiro Itambé, possui aproximadamente 400 pessoas, e algumas residências na localidade conhecida como Peba em alusão ao tatupeba que, ao sair de um buraco, fez com que os garimpeiros encontrassem uma grande pedra de diamante na década de 1930, quando a região era explorada pelo garimpo.
Fonte: ENCONTRO E COMENSALIDADE NOS QUILOMBOS: O DEVIR QUILOMBO Sonia Regina Lourenço. Iluminuras, Porto Alegre, v. 20, n. 51, p. 298-322, dezembro, 2019
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