A comunidade Capão Verde e seus participantes unem esforços profissionais e coletivos para superar desafios e promover saberes e sabores quilombolas com produtos tradicionais da região para todo o Brasil.
A comunidade quilombola de Capão Verde no município de Poconé/MT que pertence à Microrregião Alto Pantanal as Margens da BR070 a 116 km de Cuiabá no sentido Cáceres. Localizada em uma região denominada de “Morraria”, porção alta do município de Poconé que não é influenciada pelas cheias do Pantanal, apresentando uma área cerca de 240ha. A comunidade possui título de reconhecimento Quilombola emitido pela Fundação Cultural Palmares em 08/08/05. Atualmente, aguarda recursos do INTERMAT e INCRA para construção de casas populares e a titulação da terra.
Segundo Pereira (2012), a origem das terras da Comunidade de Capão Verde está relacionado á Sesmaria denominada de Paratudo, adquirida por Vitor Teodoro dos Santos, um soldado desertor da segunda guerra mundial do qual, com medo de ser aprisionado, resolveu adentrar pelo sertão brasileiro, onde adquiriu, junto com seus irmãos, 450 hectares da uma sesmaria. Dessa forma, os habitantes de Capão Verde são descendentes dessa família, que foi ensinada desde a mais tenra idade que a terra “…não era para vender, era para criar neto, filho, neto, bisneto. (op.cit.p.115) ”.
Apesar da trajetória histórica descrita, a Comunidade Quilombola de Capão Verde, só foi assim reconhecida em 2007 e a singularidade da produção da cultura material e imaterial descortina um universo permeado de saberes que, pela necessidade de sobrevivência, transformam- se em mercadorias para a manutenção do grupo social e do território em um espaço marcado por conflitos e tensões contemporâneas da sociedade globalizada. Tal perspectiva é o objeto central de análise do presente texto que, na primeira parte apresenta os conceitos teóricos que subsidiaram a pesquisa, na segunda descreve a questão dos quilombos em Mato Grosso e por fim apresenta a comunidades de Capão Verde e sua trajetória de luta e sobrevivência.
Rosseto & Dalla Nora (2015:378) ponderam que “ em Capão Verde, as terras são de uso comum, sem titularidade individual, entretanto, observa-se a presença de cercas que delimitam os territórios, onde cada habitante tem a sua roça e a sua criação de bovinos e muares. Tal fragmentação do território caracteriza-se pelo limite pactuado através do código de ética do grupo que proíbe a intervenção de terceiros.
As relações sociais de produção são marcadas pelas parcerias entre os membros de uma mesma família ou entre aqueles que mantêm relações de amizade e compadrio”. As 14 famílias, e cerca de 60 pessoas, vivem na terra de forma coletiva e moram próximas facilitando as relações sociais, a resolução dos conflitos, bem como compartilhar na labuta do processamento dos derivados da banana. Objetivando fomentar o desenvolvimento local, foi criado a Associação dos Agricultores e Agricultoras Afrodescendentes da Comunidade Tradicional Capão Verde ( AGRIVERDE) que possui como fito produzir, consumir e comercializar derivados de banana da terra, fruto nativo e abundante na região. Antes da constituição da
Associação, já haviam comercializado doces em calda, frutas e verduras in natura pela comunidade. Toda a produção da lavoura da banana da terra destinada para abastecer a agroindústria Morraria, ou seja produção dos derivados da banana como: Chips, doces e farinha de banana, além de castanha de Cumbarú. A produção é fundamentada nos saberes culturais mantidos de geração a geração, para diminuir o êxodo rural e manter as tradições a associação realiza trabalho centrando na transferência de responsabilidades para os mais jovens, que atuam nas áreas operacionais e administrativa do empreendimento. Confira o sabor e tradição dos nossos produtos!
ROSSETO, O. C., DALA NORA, G. Comunidades Quilombolas no Pantanal Mato-grossense: Cultura, Territorialização e Reterritorialização. In: Neer – as representações culturais no espaço: perspectivas contemporâneas em geografia / Romancini, Sonia Regina ; Rossetto, Onélia Carmem ; Nora, Giseli Dalla (Organizadoras). – Documento Eletrônico. — Porto Alegre: Imprensa Livre, 2015. 537p
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