Território de Mata Cavalo

A comunidade de Mata Cavalo e seus participantes unem esforços profissionais e coletivos para superar desafios e promover saberes e sabores quilombolas com produtos tradicionais da região para todo o Brasil.

Mata Cavalo: A história escrita por um quilombola

O Quilombo Mata-Cavalo está localizado no município de Nossa Senhora do Livramento/MT, distante aproximadamente 50 quilômetros da capital Cuiabá, foi reconhecido e certificado pela Fundação Cultural Palmares (FCP) como território quilombola em 28 de outubro do ano de 1999. O acesso ao território de Mata-Cavalo se dá pela Rodovia MT 060, estrada que liga Cuiabá ao município de Poconé. Pela Rodovia MT 060, passando pela sede do município de Nossa Senhora do Livramento, depois do km 12, você já pode observar uma placa indicando a existência de área quilombola próxima.

Segundo os mais antigos da comunidade, Mata-Cavalo recebe este nome em função do córrego que corta o quilombo. De acordo com os moradores, esse córrego era estreito e fundo, principalmente, na época das enchentes. Certa vez, um carteiro novo que levava cartas de Cuiabá para Poconé, desinformado sobre as surpresas do córrego, ao vê-lo estreito, pensou ser raso e enfiou a tropa adentro. Por ser época de chuva, suas correntezas estavam muito fortes, o que acabou arrebatando e os cavalos acabaram morrendo. Desde então, o córrego passou a ser conhecido como Mata-Cavalo e, posteriormente, a comunidade, até então denominada Boa Vida, também passou a ser chamada de Mata-Cavalo. Há, porém, outras versões acerca da origem do nome, como a existência de um capim, tipicamente do Cerrado, com o nome popular de “Mata-Cavalo” oriundo daquela região, porém, a mais conhecida é sobre o córrego que matou os cavalos.

O território é composto por seis comunidades, sendo elas: Mata-Cavalo de Baixo, Mata-Cavalo de Cima, Aguaçú, Mutuca, Ponte da Estiva e Capim Verde, espalhadas numa área total de 14.700 hectares.

As comunidades são organizadas em associações e cada uma possui seus limites de terras, demarcados por linhas imaginárias, e são determinadas pela ocupação dos “troncos” das famílias, ou seja, dos antepassados dessas famílias ocupantes de cada comunidade. Residem no quilombo, segundo dados do INCRA (2018), aproximadamente 418 famílias. O Quilombo Mata-Cavalo tem como marco de origem o ano de 1883, em que os africanos escravizados, que ali residiam, receberam de sua ex-senhora Dona Anna da Silva Tavares a doação das terras.

Fontes documentais atestam a presença de negros na condição de escravizados em Mata-Cavalo desde 1804, mas a origem do Quilombo Mata-Cavalo, segundo a memória dos matacavalenses, tem como marco histórico o dia 15 de setembro de 1883. Ano em que seus antepassados, negros cativos, receberam de sua ex-senhora, Dona Ana da Silva Tavares, uma carta constando a doação das terras.

Os estudos de Bandeira e Sodré (1993) também dão destaque à história da doação das terras pela dona da Sesmaria aos seus negros: Mata-Cavalos, uma dessas comunidades (rurais negras tradicionais), surgem ainda à época da escravidão (1883), quando em vida, a meeira de Ricardo Tavares faz a doação de uma área da Sesmaria Boa Vida a escravizados seus […] A doação registrada em Cartório refere-se às terras dos ribeirões de Mata-Cavalos e Mutuca, tributários do ribeirão Santana, nas proximidades da sede do município. Negros tornam-se dessa forma, proprietários legítimos da terra. (BANDEIRA; SODRÉ, 1993, p. 97).

As seis comunidades estabelecem relação de parentesco entre seus moradores, reúnem-se nas festas, nos trabalhos coletivos na roça, no fazer da farinha e nas lutas. É importante reiterar que, mesmo as comunidades sendo separadas por linhas imaginárias, organizadas em associações, cada uma possuindo sua instituição administrativa, todas são congregadas em relação à certificação da Fundação Cultural Palmares, ocorrida no ano de 1999, ou seja, possuem apenas uma certificação: “o Complexo Mata-Cavalo”.

As famílias que ali residem sobrevivem da pecuária (criação de animais de pequeno porte), agricultura de subsistência, com ênfase na plantação de banana e mandioca, o que lhes permite a produção de farinha, rapadura de cana-de-açúcar, doces de frutas, artesanatos, como algumas das principais atividades econômicas realizadas na comunidade de Mata-Cavalo. Conferir nossos produtos no Bulixo dos Sabores.

No que tange às questões culturais da comunidade, destacam-se: as festas de santo, que são realizadas no quilombo o ano todo; a feira cultural, realizada na Semana da 37 Consciência Negra, no mês de novembro; a Festa da Banana, realizada no mês de julho, na comunidade Ribeirão da Mutuca; o Siriri e o Cururu, danças típicas de Mato Grosso, e a Dança Afro, conferir Celebrações e Festas.

Fonte: SANTANA, G. A. Saberes Quilombolas: Um olhar sobre as práticas pedagógicas da áreas de Ciências Humanas da Escola de Mata-Cavalo. Dissertação de Mestrado, UFMT,2019.

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Os produtos são frutos do trabalho de agricultura familiar, cultivados de forma tradicional e livre de agrotóxicos, seguindo os princípios da agroecologia.

Comunidades pertencentes ao Complexo de Mata Cavalo

Capim Verde

Estivado

Mata Cavalo de cima

Mata Cavalo de baixo

Ribeirão da Mutuca

Aguaçú